
Habitar o corpo
Há tempos tropecei num desafio lançado para quem o quisesse apanhar, de refletir sobre o que é Habitar o Corpo. O repto ficou a pairar na leveza de um sopro, que me acariciou a pele, eu agarrei-o e puxei-o para bem perto de mim, para junto do meu coração.
Foi com emoção [não devemos ter pudor de mostrar as nossas emoções] que o meu coração se abriu a este sentir… Habitar o Corpo! Faz-me regressar à criança que, afinal, ainda sou, trazendo-me à memória que andei grande parte da minha vida a arrastar o corpo como se fosse um pesado fardo.
Neste momento, não consigo travar o ténue sorriso que se forma no meu coração e se expande para a minha face. Como foi possível que tal tivesse acontecido, viver sentindo o corpo como uma carga distante de mim própria?
Hoje, habito o meu corpo na sua inteireza, estou em presença para ele, oiço os seus conselhos, sinto o seu vazio que ampara a minha alma, sustenho as suas dores e em comunhão seguimos juntos a viagem. Mas nem sempre foi assim, vivi perdida do meu corpo, distraída da sua presença, sem dar conta de que é ele que me permite caminhar nesta vida, sem dar conta de que ele, o meu corpo, é o veículo que me dá a forma, que me liga ao Mundo.
Esta transformação levou tempo, levou tanto tempo… Mas, a magia de morar plenamente no corpo faz-me deixar para trás esse tempo que já passou.
Ao habitar o meu corpo, sinto-me a borboleta que se soltou da crisálida e que voa livremente.
Ao habitar o meu corpo, toco a minha essência, sinto o divino que mora em mim.
Esta consciência do corpo, este respeito em jeito de veneração, devolveu-me o valor da vida, da Minha Vida, permitiu-me reposicionar o prioritário, transformou o meu olhar, ajudou-me a ver cá dentro, no profundo de mim.
Habitar o corpo é viver a vida na sua plenitude.
Habitar o corpo é Amar a inteireza de Ser.
Habita o teu corpo, que de forma tão sublime e sagrada te dá a VIDA.
Abraça-te com Amor.
Sem Comentários