Faz hoje um mês que celebrei as minhas 45 voltas ao Sol. Adoro celebrar a vida, celebro o mês de agosto inteirinho, cada dia desse mês celebro-me com mais intensidade e presença do que nos restantes meses do ano. Este ano experimentei algo novo. Celebrar-me no SILÊNCIO. Que desafio!
Sentei-me na postura habitual para meditar. Procurei os raios de sol que trespassavam as janelas e as sublimes plantas que ali se encontravam. Raios que acariciavam a minha pele de forma suave, quase impercetível, mas de forma tão calorosa.
Atiro-me para o sofá ao final do dia, com o silêncio que agora ocupa o anterior espaço, de conversas e do ruído próprio de uma casa animada por crianças ao final do dia.
Com leveza, cada vez com mais leveza, caminho pela vida com a suavidade da folha que cai da árvore e pousa no profundo manto acolchoado enraizado na terra.
Escuto a larga vastidão do oceano que se dispersa no horizonte. O meu corpo descansa, sentado, na cadeira de baloiço, que me embala ao ritmo das ondas do mar que vão e vêm. Sou presente naquele momento, que abraça todos os outros instantes, sussurrados à ligeireza do vento. Permaneço, contemplando a extensão de água profunda que observo do alpendre.
Adoro fazer anos! Sempre me lembro da alegria infinita que me conquista nesta celebração da vida, da minha vida! Hoje faço 43 anos. Bom, hoje não, mas no dia em que surgiram as sementes deste texto na minha alma.