Faz hoje um mês que celebrei as minhas 45 voltas ao Sol. Adoro celebrar a vida, celebro o mês de agosto inteirinho, cada dia desse mês celebro-me com mais intensidade e presença do que nos restantes meses do ano. Este ano experimentei algo novo. Celebrar-me no SILÊNCIO. Que desafio!
Há mais de uma década, quando estava em gestação silenciosa a transformação da minha vida, sonhei fazer um retiro vipassana*. Na altura, em pleno esgotamento físico e intelectual sentia não ser o momento. Mas na minha vida saboreio os sonhos deixando-os apurar tal como um saboroso refugado servido num almoço de domingo. Então deixei a ordem das coisas surgir e esperei.
Uns anos mais tarde, na formação em Mindfulness encontrei um sítio especial para o silêncio, um lugar pleno no silêncio que sempre gostei de ocupar, mas que me trazia estranheza. Serenei nesse lugar pleno de silêncio e esperei.
Quando sabemos esperar, o tempo regula a ordem das coisas, e o tempo levou-me à formação em Meditação Transpessoal onde o silêncio veio ocupar um lugar ainda mais particular na minha vida, onde adquiri maior compreensão da sua dimensão. Neste lugar de abertura de consciência, esperei.
O sonho do retiro vipassana germinou, cresceu a vontade, cresci também eu nesta década que passou e este ano senti-me pronta. É agora, disse a minha alma!
Encontrei o local (em Espanha) que senti ser o lugar certo para mim neste momento e intencionei…
“Este ano realizo o tão sonhado retiro vipassana.”
Os cursos no mosteiro que escolhi têm muita procura e não é fácil conseguir vaga. Inscrevi-me para o curso de fevereiro… Mas não consegui vaga…. Inscrevi-me para o curso de agosto e… não consegui vaga!
Mas a vida ensinou-me que há muitos caminhos que nos levam onde queremos ir e eu sentia de me oferecer como presente este ano um retiro de silêncio. Já não me prendo na perfeição das expectativas, já não resisto à minha intuição, hoje permito-me viver livre e leve.
Criei a minha oportunidade de retiro de silêncio, aceitando e aproveitando o que a vida me deu. Uma semana em casa sozinha, imaginem quando? Nos meus anos! Foi esta a prenda do Universo para mim! Uma semana perfeita para o meu retiro em casa.
Naturalmente não é a mesma coisa, um retiro em casa ou num mosteiro. Mas digo-vos que não sei se em casa não será ainda mais desafiante, com tanto que nos é familiar e nos estimula as lembranças ou nos recorda as tarefas pendentes.
Foi desafiante não comunicar com os meus filhos e com o meu marido.
Foi desafiante estar em casa e abstrair-me do tanto que este espaço me diz.
Foi gratificante cada momento que me permiti viver neste retiro.
Foi gratificante sentir que a minha vontade supera qualquer obstáculo que surge na minha mente.
Foi uma experiência que me trouxe muita clareza e paz. Foi um encontro muito profundo comigo mesma, onde me foi possível tocar a minha alma.
Intensificou ainda mais a minha vontade de realizar o retiro vipassana no mosteiro. Ajudou-me a tornar mais presente a intenção de realizar este retiro!
E assim, com persistência e alegria, sigo o meu caminho celebrando a vida a cada acordar!
Um abraço com Amor.
*que significa ver as coisas como realmente são, é uma das mais antigas técnicas de meditação da Índia.
Este programa é facilitado por uma formadora com certificação de competências pedagógicas e gestora de formação, com décadas de experiência, a mentora do projeto caracolga, Olga Prada. O seu trabalho e conduta de vida seguem as Directrizes de Boas Práticas para o Ensino de Cursos Baseados em Mindfulness, sugeridas pela British Association of Mindfulness-based Approaches.
O certificado é emitido pela empresa que acolhe este projeto, a Plio, empresa formadora certificada pela DGERT desde 2014.
Esta certificação vai habilitar-te a seres um agente de mudança na tua vida e na vida dos que te rodeiam.
Ana Maria Maltez Medeiros da Silva diz:
Querida Olga
Aí está uma experiência que acho não ser para mim. Uma semana? Inteirinha? Sete dias sem falar?
A dois, três dias não diria que não. Uma semana, em casa, sem comunicação ou sons… Dou-lhe alvíssaras, muito respeitosamente (e também mando um beijinho)! 🙂
caracolga diz:
Querida Ana,
Grata pelas palavras. Há os sons da vida que vão surgindo, só não há música e conversas. 🙂 E há também uma palestra no final do dia, com ensinamentos e reflexões. Mantive também essa parte do ritual, usando o que podia, neste caso palestras no youtube. Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha. Uma curiosidade, o curso vipassana são 10 dias. 🙂 Um abraço com saudades. Olga