Redescobri a minha paixão pela escrita e reconciliei-me, finalmente, com as palavras escritas. Foi até com alguma surpresa que senti que afinal adoro escrever, mas tem de vir cá de dentro, da minha essência.

A escrita é, neste momento da minha vida, uma das formas de comunicar que mais prazer me dá. Mas nem sempre foi assim! Claro que não… a vida nunca é linear e uniforme, qual seria a piada disso?!

Não podia deixar de ser através do olhar dos meus filhos, os meus grandes tesouros, que revivi a minha própria infância e a minha relação conturbada com a palavra escrita. Foi uma relação com altos e baixos, avanços e recuos, como tantas outras relações possíveis neste mundo.

Ao acompanhar o processo de aprendizagem dos meus filhos, nomeadamente da escrita, comecei a questionar-me sobre os mecanismos inerentes à aprendizagem. Intriga-me porque é que é fácil a aquisição das letras e regras gramaticais para umas crianças e para outras não.

“Que mistério envolve este poder mágico da palavra escrita, que comummente pensamos ser tão natural como a palavra falada?”

Utilizando o poder mágico da leitura que conquistei com dificuldade e muitos conflitos, parti em exploração deste mistério que atormenta a minha mente. Rapidamente reconheci que as dificuldades de aprendizagem são uma tela com muitas tonalidades, onde todos os nossos sentidos são essenciais para orientarem a nossa navegação.

E por isso, sinto, cada vez com mais intensidade, que devemos olhar para as crianças, mas com aqueles olhos de quem realmente quer ver, e refletir sobre a real causa das suas dificuldades de aprendizagem. Olhando para o contexto global e para todas as crianças, sem filtros, sem crenças, sem estigmas e sem rótulos.

Tenho uma certeza que me move: as crianças indicam-nos o caminho a seguir!

As crianças, que não se encaixam na norma, que na verdade também já não serve às outras, estão a mostrar-nos o caminho da inovação, da criatividade e do FUTURO, aquele que tanto procuramos e queremos alcançar.

A leitura oferece-nos uma visão magnífica do mundo, falo dela aos meus filhos como um super PODER que adquirimos e uma vez obtido jamais o perdemos. Mas, para existirmos enquanto Seres Plenos, temos de nos permitir VIVER com todos os nossos sentidos, os nossos outros Super Poderes, temos de ouvir, de cheirar, de observar, de sentir, de refletir…

Nestas minhas descobertas tenho despertado para a urgência de pensar na escola e agir AGORA, para construir JÁ a escola do PRESENTE!

Pais, avós, irmãos, tios, professores, auxiliares, psicólogos, terapeutas, diretores, vamos juntos construir a Escola do Presente?! Vamos olhar para as nossas crianças, com aqueles olhos de quem realmente quer ver, e aprender com elas como podemos erguer a Escola do Presente!

Um abraço com Amor.