Sorrio quando penso na magia da nossa mente e lembro aquele dia como se fosse hoje. As aulas haviam iniciado há pouco e a família ainda se estava a adaptar às novas rotinas. Há rotinas que teimam em não se instalar, demoram a ficar. E esta, a dos trabalhos de casa, foi uma das relutantes.
Chegou a casa e o que mais apetecia aquela alma era brincar com a irmã. Então oiço, mais uma vez, aquela lamúria que me aperta o coração, talvez por me trazer memórias da minha criança interior: “Tenho saudades de brincar com a mana, já não tenho tempo de brincar!”, diz o meu pequeno grande ser, numa consciência tão livre.
Visto um sorriso na cara. O meu melhor sorriso, porque a ocasião pede que me vista a rigor. Abraço-o e digo-lhe na voz mais doce que consigo arrancar de dentro de mim: “Depois dos trabalhos vai sobrar tempo para brincar, vais ver!”. Mas o tempo que sobra nunca é suficiente, para brincar falta sempre tempo.
Conformado, lá vai ele cumprindo o ritual. Leva o caderno, o lápis a borracha e senta-me na sua secretária branca, arrumada com esmero. E embora lhe falte a vontade, com resiliência inicia a tarefa. Mas há sensações que parecem prevalecer à nossa escolha. O corpo dele exige movimento. Então, levanta-se, mexe e remexe vezes sem conta.
Num anseio de adulto, com aquela agitação que eu entendia que o impedia de concretizar as tarefas, pergunto: “Mas porquê é que não te sentas?”. O menino nem precisou de pensar na resposta, parecia pronto para responder à pergunta que tinha tardado em chegar:
“Passo o dia sentado na escola. Já não posso mais!”
Estas simples palavras, mas tão sentidas, levaram a minha mente a refletir se seria assim tão importante estar sentado naquele momento…
Tantas vezes o automatismo das nossas ações nos leva a não respeitar a natureza do Ser Humano. Fazemos igual a todos os outros, sem nos questionarmos o que faz sentido para nós. E com tanta frequência impomos comportamentos e atitudes às crianças (e a nós mesmos) que vão contra a sua essência, sem refletirmos onde isso nos leva.
Que seja nas pequenas coisas do quotidiano que possamos fazer diferente, ser diferentes, para aceitar todos os Seres tal como eles são e não como desejamos que sejam.
A aceitação é um valor essencial da vida, permite-nos ser mais livres e olhar o mundo sem filtros.
Um abraço com Amor.
Este programa é facilitado por uma formadora com certificação de competências pedagógicas e gestora de formação, com décadas de experiência, a mentora do projeto caracolga, Olga Prada. O seu trabalho e conduta de vida seguem as Directrizes de Boas Práticas para o Ensino de Cursos Baseados em Mindfulness, sugeridas pela British Association of Mindfulness-based Approaches.
O certificado é emitido pela empresa que acolhe este projeto, a Plio, empresa formadora certificada pela DGERT desde 2014.
Esta certificação vai habilitar-te a seres um agente de mudança na tua vida e na vida dos que te rodeiam.