Era um final de tarde, banal como qualquer outro final de tarde num dia de escola. Depois da agitação das crianças, ao contarem as novidades desse dia, tal como os outros, tão cheio de aventuras, recolhemos ao aconchego de casa, saboreando os aromas doces que pairavam no ar.
Os finais de dia são sempre repletos de magia, mas também vêm carregados de energia que precisa fluir e que muitas vezes, tantas vezes, retemos por causa dos afazeres que pensamos não poderem esperar. Delicadamente ela pega no lápis e com orgulho, pelas letras que já sabe escrever, vai executando de forma eficaz e decidida as tarefas propostas pela professora. De tão contente que está pelo seu empenho, salta da cadeira num impulso, sem que a sua mente tenha tido tempo de perceber o que estava a acontecer. Neste reboliço o corpo reage antes da mente e lá vem um trambolhão a caminho.
Antes que eu própria perceba o que aconteceu já estou sobressaltada com o pedido tão familiar… Mãaaaeee!!!!!! É difícil não reagir, o coração salta acelerado e sem pedir licença já está alerta. Desanimada com o sucedido a pequena criança procura o meu conforto. No melhor que sei dar, digo-lhe que nem sempre somos brindados com acontecimentos positivos. Numa tentativa de lhe trazer alguma alegria ao olhar, e pensando estar a dar um conselho prudente, partilho que prefiro pensar nas “coisas boas” e tentar esquecer as “coisas más”.
A menina com um olhar sereno e segurança na voz responde-me que gosta de lembrar as “coisas más”. Com perplexidade, pergunto porquê e mais uma vez aquele olhar profundo cruza o meu e a menina diz firmemente com a certeza de quem confia no seu coração:
“Porque assim não volto a repeti-las. Se as esquecer volto a fazer outra vez e vou magoar-me novamente!”
Ficámos a trocar um olhar sem tempo e sem espaço, aproveitando o momento. Delicio-me cada vez mais a ver o mundo pelo olhar das crianças, assim consigo observar um mundo mais profundo. Sabiamente as crianças sentem e ouvem o coração, aquele que nós adultos muitas vezes recusamos atender.
Relembro ternamente as palavras dessa menina, a minha menina. O bem e o mal, são apenas conceitos com que a nossa mente cataloga acontecimentos e o que no fundo é importante é o acontecimento em si e as aprendizagens que retiramos dele, numa perspetiva de crescimento e autoconhecimento, sem julgamentos.
Um abraço com Amor.
Este programa é facilitado por uma formadora com certificação de competências pedagógicas e gestora de formação, com décadas de experiência, a mentora do projeto caracolga, Olga Prada. O seu trabalho e conduta de vida seguem as Directrizes de Boas Práticas para o Ensino de Cursos Baseados em Mindfulness, sugeridas pela British Association of Mindfulness-based Approaches.
O certificado é emitido pela empresa que acolhe este projeto, a Plio, empresa formadora certificada pela DGERT desde 2014.
Esta certificação vai habilitar-te a seres um agente de mudança na tua vida e na vida dos que te rodeiam.