Honro a Vida
Com leveza, cada vez com mais leveza, caminho pela vida com a suavidade da folha que cai da árvore e pousa no profundo manto acolchoado enraizado na terra.
Com leveza, cada vez com mais leveza, caminho pela vida com a suavidade da folha que cai da árvore e pousa no profundo manto acolchoado enraizado na terra.
Escuto a larga vastidão do oceano que se dispersa no horizonte. O meu corpo descansa, sentado, na cadeira de baloiço, que me embala ao ritmo das ondas do mar que vão e vêm. Sou presente naquele momento, que abraça todos os outros instantes, sussurrados à ligeireza do vento. Permaneço, contemplando a extensão de água profunda que observo do alpendre.
Adoro fazer anos! Sempre me lembro da alegria infinita que me conquista nesta celebração da vida, da minha vida! Hoje faço 43 anos. Bom, hoje não, mas no dia em que surgiram as sementes deste texto na minha alma.
Tenho a convicção de que o caminho da vida se faz caminhando, ele não está traçado, mas vai-se formando aos meus pés a cada passo que dou. Com esta segurança na bagagem e de espírito aberto, embarquei em mais uma fantástica aventura. Uma vez mais, deixei-me guiar pela sabedoria de seres grandiosos, num lugar que sinto um pouquinho como a minha casa.
Há tempos tropecei num desafio lançado para quem o quisesse apanhar, de refletir sobre o que é Habitar o Corpo. O repto ficou a pairar na leveza de um sopro, que me acariciou a pele, eu agarrei-o e puxei-o para bem perto de mim, para junto do meu coração.
Foi com emoção [não devemos ter pudor de mostrar as nossas emoções] que o meu coração se abriu a este sentir… Habitar o Corpo! Faz-me regressar à criança que, afinal, ainda sou, trazendo-me à memória que andei grande parte da minha vida a arrastar o corpo como se fosse um pesado fardo.
Neste momento, não consigo travar o ténue sorriso que se forma no meu coração e se expande para a minha face. Como foi possível que tal tivesse acontecido, viver sentindo o corpo como uma carga distante de mim própria?
Numa pressa de avaliar e criar juízos de valor, que a vida moderna nos traz, deixamos de observar e sentir a vida, perdendo a visão neutra e firme que nos permite saborear o momento presente, sem julgamentos.